Exemplos de interações biológicas envolvendo plantas
As plantas, apesar de serem sésseis, interagem com diversas outras espécies, sejam elas plantas, animais, fungos ou microoganismos. Nesta seção iremos enfocar interações biológicas planta-animal, envolvendo distintos órgãos das plantas.
Herbivoria
A herbivoria é uma interação entre plantas e animais na qual as plantas são recursos alimentares atrativos, que são consumidos por uma grande variedade de organismos. A herbivoria exerce papel fundamental nos ecossistemas, pois é a base das cadeias alimentares e, portanto, determina a quantidade de energia disponível para os níveis tróficos superiores.
Os herbívoros podem consumir diferentes partes das plantas. Sendo assim, podemos classificá-los como:
1. Folívoros: que se alimentam de folhas;
(Fotos: Elza Guimarães)
O modo como estes herbívoros removem os tecidos vegetais é muito variável e está relacionado com o tipo de aparelho bucal do animal e sua capacidade de cortar, furar, rasgar ou sugar os recursos. Veja alguns padrões de herbivoria foliar exemplificados abaixo:
Como vimos, a herbivoria pode influenciar a sobrevivência das espécies vegetais envolvidas. Ao longo da evolução, houve o surgimento de diversas estratégias de defesa das plantas frente à pressão exercida pelos animais herbívoros. Por exemplo, diversas espécies vegetais possuem compostos químicos com ação tóxica, além de componentes que conferem dureza, deixando seus tecidos impalatáveis.
2. Florívoros: que se alimentam de tecidos florais;
3. Nectarívoros: que se alimentam de néctar;
4. Polinívoros: que se alimentam de pólen;
Além desses exemplos, há também:
5. Frugívoros: que se alimentam de frutos;
6. Granívoros: que se alimentam de sementes;
7. Radicívoros: que se alimentam de raízes;
8. Brocadores: que se alimentam de caules.
Galhas
As plantas também podem ter um tipo de crescimento anômalo, em locais definidos, causado pela ação de organismos como bactérias, fungos, artrópodes e vírus. Esses agentes induzem a proliferação e o crescimento das células vegetais, no local da infecção, formando assim uma estrutura diferenciada. Essa estrutura chama-se galha e é ela que passará a nutrir os ovos, larvas e até indivíduos juvenis dos indutores. Portanto, é uma interação do tipo parasitismo.
Podemos chamar o agente indutor de galhas de “galhador”. Dentre os principais galhadores, os insetos merecem maior destaque, pois a maioria das galhas conhecidas é induzida por esses organismos. Os insetos galhadores utilizam, mais comumente, as folhas e o caule para depositar seus ovos, mas também podem utilizar botões florais, flores e frutos. É possível ainda observar galhas em raízes, contudo é importante ressaltar que esse tipo de galha é induzida, principalmente, por bactérias e fungos. Neste tipo de interação existe grande especificidade da espécie galhadora para a escolha da espécie vegetal e do órgão a ser galhado.
Polinização
A polinização é um processo que está ligado à reprodução das plantas. Esse processo acontece em três fases: na primeira há a liberação dos grãos de pólen pelos estames (estruturas reprodutivas masculinas); na segunda, ocorre a transferência desse pólen para a parte reprodutiva feminina; e na terceira fase ocorre a deposição desses grãos de pólen na superfície do estigma, que é uma das partes constituintes do pistilo (estrutura reprodutiva feminina). Na reprodução sexual, para que a semente seja produzida, é necessário que após a polinização ocorra a fecundação, que é a fusão dos gametas masculino e feminino.
Como as plantas são sésseis, a maioria das espécies necessitam de vetores de polinização, que participam nas duas últimas fases da polinização. Esses vetores podem ser de dois tipos: abióticos (vento e água) ou bióticos (diversos grupos de animais como insetos, mamíferos e aves). A interação entre os vetores bióticos e as plantas é um bom exemplo de mutualismo. Enquanto as plantas, que são sésseis, são beneficiadas pela transferência de seus gametas, os vetores obtêm alimento como néctar, pólen, óleos, dentre outros. Contudo, cabe ressaltar que alguns animais visitam flores sem realizar a polinização. Esses são denominados de pilhadores, pois obtêm o recurso floral (por exemplo, néctar e pólen) sem contatar as estruturas reprodutivas da flor (antera e estigma).
Frugivoria
Em geral, a frugivoria é considerada como uma interação mutualista entre animais e plantas. Nessa relação, as plantas são beneficiadas por vetores animais que, ao se alimentarem dos frutos, dispersam suas sementes. Em contrapartida, os animais obtém recursos calóricos dos frutos consumidos. Entretanto, alguns frugívoros digerem ou danificam porções essenciais do embrião e nesse contexto, atuam como herbívoros predadores.
As sementes podem ser dispersas pelos animais (vetores bióticos) ou pelo vento ou, menos comumente, pela água (vetores abióticos). Muitos frutos quando maduros se tornam carnosos e atraem frugívoros (consumidores de frutos). Frutos imaturos tipicamente são pouco atrativos quanto ao odor, sabor, textura ou cor, podendo até mesmo ser repelentes a alguns animais.
Espécies que são dispersas por animais por meio da frugivoria, apresentam, geralmente, frutos carnosos e sementes com cascas grossas e duras, as quais são regurgitadas pelos animais ou passam através do seu sistema digestório, sendo eliminadas com as fezes. Algumas sementes requerem a passagem através do trato digestório dos animais, processo que pode alterar o tegumento da semente que, ao ser defecada, terá capacidade de absorver água do meio e germinar.
Em geral, a dispersão de sementes é uma interação menos especializada do que a polinização, pois não existe a necessidade do frugívoro reconhecer e visitar outras plantas da mesma espécie em sequência, como existe no caso do polinizador. Assim, uma única espécie de ave ou mamífero pode consumir frutos de várias espécies vegetais e uma dada espécie vegetal pode ter seus frutos dispersos por muitos tipos de aves ou mamíferos.
Granivoria
Os granívoros (consumidores de sementes) são considerados comumente como herbívoros predadores. Entretanto, os granívoros às vezes atuam como importantes dispersores de sementes. Com a intenção de comer as sementes, esses animais podem dispersá-las de forma acidental. Há ainda os que enterram sementes para uso posterior que também podem atuar como dispersores se não retornarem para consumi-las.
Autores:
Adriano Valentin Silva,
Anselmo Nogueira,
Elza Guimarães,
Erika Ramos Ono,
Vanessa Ribeiro Julio,
Data Publicação: 00/00/0000
Página: http://museuescola.ibb.unesp.br/subtopico.php?id=1&num=4+&pag=56