Museu Escola - Unesp Botucatu /SP
Músculos: Como nos movimentamos?

Reflexo (movimentos inconscientes)

Tirar a mão rapidamente quando tocamos objetos quentes ou perfurantes, proteger os olhos quando uma luz muito forte aparece, tossir quando engasgamos, salivar quando vemos algum alimento; esses são movimentos , involuntários comuns que as pessoas apresentam no dia-a-dia: os chamados REFLEXOS.

 

Reflexos são movimentos muitas vezes rápidos e inesperados que realizamos: não temos consciência e não programamos tais movimentos! Quando pisamos ou tocamos em algo que pode nos causar algum dano, instintivamente ocorre um movimento para afastar nos perigo.

 

E salivar quando vemos ou sentimos o cheiro de uma comida deliciosa? Isso não reflete nenhum perigo, mas reflete a nossa necessidade em se alimentar. De maneira geral, os movimentos reflexos servem para nos proteger e manter nossa sobrevivência e fazemos isso inconscientemente, instintivamente, a partir de um estímulo, e só depois nos damos conta do que aconteceu e do que poderia ter acontecido.

 

Provavelmente, a fase da vida em que somos campeões em movimentos reflexos é quando nascemos.

Você já observou os bebês? Já viu quantos reflexos eles têm?

 

Os recém-nascidos apresentam uma série de reflexos que permitem que ele se relacione com o meio e  com as pessoas ao seu redor. Imagine que, quando saímos do útero materno, não sabemos nada, não conhecemos nada, não tivemos ainda nenhuma experiência para aprender. Assim, realizamos movimentos para nos proteger e nem temos consciência deles.

 Você sabia?

Nascemos já sabendo mamar que é importante para alimentação. O reflexo de sucção e procura do seio passa a ser voluntário por volta do segundo mês!

Também nascemos quase sabendo andar: o reflexo de marcha; esse logo desaparece. Sabemos nadar: quando os pés estão em contato com a água, ocorre movimento reflexo dos braços, como se fosse uma tentativa de nado. Seguramos: reflexo de preensão palmar, entre outros.

Para mais informações:

http://sonosesonhos.blogspot.com.br/2009/08/reflexos-dos-recem-nascidos.html

http://saude.hsw.uol.com.br/desenvolvimento-recem-nascido2.htm

 

Os reflexos nos recém-nascidos são muito importantes também para o desenvolvimento do seu sistema nervoso, pois fortalece as conexões entre o corpo e os neurônios. Com o tempo, nosso cérebro vai se desenvolvendo de modo que possamos realizar movimentos voluntários, substituindo alguns reflexos. Primeiro aprendemos a sentar, depois gatinhar, apoiar nas coisas para ficar de pé e então andamos. O ser humano se desenvolve observando e aprendendo com os outros. Aprender significa criar circuitos neurais, caminhos de neurônios cuja atividade vão originar uma resposta.

 

Como você reage quando pisa numa tachinha?

Se pisarmos numa tachinha, a reação imediata do corpo é a de flexionar a perna afetada afastando o pé do estímulo nocivo. Mas como isso acontece? É fácil! Os neurônios sensitivos possuem terminações nervosas na planta do pé e quando detectam um estímulo nocivo enviam impulsos nervosos para a medula espinal. Lá dentro, a informação segue várias trajetórias por meio dos neurônios associativos. Acontecem duas coisas:

1) Estimulação do neurônio motor responsável pela flexão da perna machucada

2) Inibição do neurônio motor que causa a extensão da mesma perna.

Mas na outra perna precisa acontecer o contrário, ou seja, estimulação da extensão e inibição da flexão para que a perna boa fique firmemente esticada suportando todo peso do corpo.

 

 

Você reparou que o estímulo nocivo não só causou a flexão da perna machucada como a extensão da outra? Repare também que a resposta de extensão da perna não machucada é a mesma do teste com martelinho, ou seja do reflexo patelar!

 

 

 

Para reforçar o conhecimento: Nos exames neurológicos, o médico usa um martelinho para pesquisar como andam os reflexos do corpo. Um deles, bem popular é o reflexo patelar: o médico golpeia levemente o joelho na altura do tendão patelar e a perna reage se estendendo. Mas como isso acontece? Quando o tendão do músculo da coxa é estirado, o órgão sensorial que está dentro do músculo reage enviando impulsos nervosos para a medula espinal. Dentro da medula, as fibras sensitivas acionam diretamente os neurônios motores que inervam o próprio músculo, fazendo-o contrair e esticando a perna. Você pode esticar a perna voluntariamente o que significa que um mesmo músculo pode ser acionado tanto por comandos originados no cérebro (movimentos voluntários) ou pelos órgãos sensitivos mediante  estímulos específicos (movimentos reflexos).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ato reflexo é o nome dado ao movimento que é realizado; arco reflexo é a comunicação, o caminho que o impulso nervoso percorre desde o estímulo no órgão receptor até o movimento no órgão efetor.

O arco reflexo é composto basicamente de três partes:

  • O estímulo é sentido pelo órgão receptor, enviado àmedula através de neurônios sensitivos ou aferentes. 
  • Na medula, neurônios associativos recebem a informação e emitem uma ordem de ação através dos neurônios motores.
  • Os neurônios motores ou eferentes chegam ao órgão efetor que realizará uma resposta ao estímulo inicial.

Nesse caminho, há então esses três tipos de neurônios: aferentes ou sensitivos, presentes nos órgãos receptores como a pele; associativos, que fazem a comunicação entre os neurônios do SNC; e os eferentes ou motores, que levam o estímulo até os músculos e glândulas. Muitos neurônios podem estar envolvidos no arco reflexo (variando o número de associações entre as células nervosas) dependendo da complexidade do ato reflexo.

A organização do movimento na medula espinal explica porque não pensamos para realiza-lo e porque acontece de maneira rápida (o estímulo não precisa "subir" até o cérebro). Mas isso não significa que o estímulo nunca vai para o córtex: ao mesmo tempo que, na medula espinal, o neurônio associativo interage com neurônio motor, o impulso nervoso também se propaga para um neurônio que leva a informação para o cérebro. Por isso que não percebemos na hora o que fazemos, mas depois temos consciência de tudo, porque a informação chega no córtex cerebral.

Como citar:

Autores: Jaqueline Ramalho, Juliana Irani Fratucci de Gobb, Lucia Regina Machado da Rocha, Silvia Mitiko Nishida,
Data Publicação: 00/00/0000
Página: http://museuescola.ibb.unesp.br/subtopico.php?id=2&pag=2&num=3&sub=22