Museu Escola - Unesp Botucatu /SP
Músculos: Como nos movimentamos?

Controle Motor

[Movimento voluntário] [Sistema Nervoso Autônomo e vísceras]

Diferente dos reflexos, o movimento voluntário é assim denominado porque temos consciência do que está sendo realizado, porque é nossa vontade, nosso desejo que o comanda.

Mas como fazemos isso? Como percebemos esses movimentos?

O responsável por todo controle é o Sistema Nervoso, que administra todo nosso corpo. Ele pode ser dividido de várias formas: em relação a localização e morfologia, divide-se em Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). O SNC é composto pelo Encéfalo (localizado na caixa craniana) que continua como Medula Espinal na coluna vertebral; é o local onde as informações chegam e saem, determinando uma resposta. O SNP é constituído por nervos, gânglios e terminações nervosas e é o caminho pelo qual as informações vão ou deixam o SNC, informações essas que vem e voltam para os órgãos.

 

 

Em relação a funcionalidade e controle, divide-se em Sistema Nervoso Autônomo (SNA) e Sistema Nervoso Somático; o primeiro controla de forma involuntária nossas funções primárias viscerais (respiração, digestão, circulação e excreção) mantendo o meio interno em condições ideais; fazem parte do SNA os sistemas simpático e parassimpático; o segundo, SN somático, por sua vez, controla principalmente os músculos estriados esqueléticos fazendo o corpo responder a estímulos do meio externo.

 

 

 

 

 

A percepção e consciência de um movimento só acontece quando as informações chegam até o córtex cerebral. É nessa região onde nossa vontade atua. Os movimentos reflexos não são voluntários, conscientes porque as informações ou estímulos não vão primariamente para a região mais alta do SNC que é o córtex cerebral. Quem organiza a resposta motora a estímulos inesperados é a medula espinal ou as vias dos sistemas simpático e/ou parassimpático.

 

 

Movimento Voluntário

 

O movimento voluntário é característico dos músculos estriados esqueléticos, como já foi visto. Para geração do movimento é necessário que haja contração de alguns músculos e relaxamento de outros. Após informações serem processadas a partir de estímulos externos, nossos desejos, etc, impulsos nervosos saem do chamado córtex motor (região do córtex cerebral que controla a atividade dos músculos esqueléticos) através de neurônios motores primários. Esses transmitem estímulos excitatórios ou inibitórios a neurônios da medula espinal que são então responsáveis pela contração ou relaxamento, respectivamente, de determinados músculos.

 

É importante lembrar que o cerebelo também participa da programação sequencial dos movimentos voluntários. Auxilia controlando a intensidade da contração durante a execução do movimento, planejando o movimento numa sequência ordenada e fazendo ajustes necessários durante a execução. Realiza as correções necessárias entre o movimento pretendido e que está sendo executado, antecipa o próximo evento motor, suaviza as transições entre os movimentos (contração e relaxamento dos músculos); além de auxiliar no aperfeiçoamento de movimentos repetitivos.

É chamada unidade motora o conjunto de um neurônio motor e as fibras musculares por ele inervadas (unidade muscular). Assim, dentro de um músculo mais ou menos fibras são estimuladas dependendo de quantas unidades motoras são ativadas; isso controla a intensidade da contração ou relaxamento muscular.

Tanto nas contrações reflexas como nas voluntárias as unidades motores são recrutadas (estimuladas) em uma ordem fixa da mais fraca para a mais forte. Assim, quando só uma quantia pequena de força é requerida  poucas unidades motoras estão ativas e geralmente são aqueles cujas fibras musculares caracterizam-se pela contração lenta. Quando é requerida mais força, as fibras musculares rápidas resistentes à fadiga (fibras musculares intermediárias) são recrutadas em ordem notavelmente precisa de acordo com a magnitude da força que cada unidade produz. A seguir, quando é necessária muita força em um intervalo curo de tempo, as fibras musculares rápidas são recrutadas. Passado o momento do exercício, por exemplo, a unidades motoras cessam a ação na ordem oposta ao seu recrutamento: as maiores são as primeiras em cessar atividade. Entenda melhor em Fisiologia do Exercício.

Os impulsos nervosos chegam às fibras musculares na junção neuromuscular (semelhante à sinapse que ocorre entre neurônios). Na extremidade do axônio são liberados neurotransmissores, substâncias químicas que vão atuar na placa motora influenciando na abertura e fechamento de canais iônicos de modo que o sarcolema (membrana plasmática da fibra muscular) se torne excitada propagando uma onda de despolarização. Esse fenômeno vai se espalhar rapidamente e uniformemente pela célula muscular, graças à presença do sistema de túbulos T. A despolarização estimula nas tríades (túbulos T + retículo sarcoplasmático) a liberação de íons Ca2+ pela cisterna terminal do retículo sarcoplasmático. A partir daí, como já vimos, a contração pode ser iniciada, com o cálcio se ligando ao complexo troponina-tropomiosina e o ATP à cabeça da miosina, possibilitando que os filamentos grossos deslizem sobre os filamentos finos, encurtando os sarcômeros e consequentemente a fibra muscular. Para que ocorra o relaxamento, basta que o estímulo cesse, assim o cálcio será transferido ativamente de volta para o retículo sarcoplasmático e a contração acaba (pois o miofilamentos não conseguem mais se ligar).

É dessa maneira, portanto, que sinais elétricos dos impulsos nervoso se transformam em força mecânica, de acordo com a nossa vontade, planejada pelo sistema nervoso central, no córtex cerebral. Comparando com os movimentos reflexos, os movimentos voluntários além de serem organizados e refletirem a realização de uma tarefa intencional, sua eficácia melhora com a experiência e aprendizado, pois os circuitos neurais podem ser aperfeiçoados com o treino e repetição (por isso que andar por exemplo é quase automático). Além disso, ao contrário dos reflexos, os movimentos voluntários não são meras respostas aos estímulos ambientais, mas podem ser gerados internamente, não precisam necessariamente de uma motivação externa.

 

Sistema Nervoso Autônomo e vísceras

O músculo liso e o músculo estriado cardíaco, diferente dos músculos esqueléticos, não estão sob nosso controle. Não precisamos pensar para que o coração bombeie o sangue, ou para que o trato gastrointestinal realize movimentos peristálticos, ou mesmo para respirar; essas são funções automáticas, ditas primárias, pois são indispensáveis à nossa sobrevivência.

 

O controle dessas funções é feito pelo sistema nervoso autônomo. Dependendo da situação na qual o individuo se encontra, o Simpático ou Parassimpático estará mais ativo. Em grande parte dos órgãos, esses dois sistemas têm ações opostas como pode ser observado na figura. De modo geral, em situações "normais" nosso corpo é regulado pelo sistema nervoso autônomo parassimpático. Este atua mantendo as funções como a digestão e a excreção, funcionando normalmente; controla os batimentos cardíacos, a pressão arterial e as trocas gasosas e estimula reprodução, está mais ativo em situações de repouso. Já o SNA simpático está relacionado a situações de estresse, perigo eminente e exercício físico.

 

Imagine que você está andando numa área de floresta e de repente aparece um animal selvagem que parece estar faminto. Sua reação nesse momento está toda relacionada à ativação do simpático que vai preparar seu corpo ou para lutar ou para fugir. Dessa maneira, a pupila dilata, permitindo a entrada de mais luz na tentativa de fazer você enxergar melhor; os brônquios nos pulmões relaxam para que entre mais ar, caso você precise correr; os batimentos cardíacos aceleram para que mais sangue seja levado aos músculos dos membros, por exemplo, para uma corrida; há inibição dos movimentos do trato gastrointestinal e sistema urinário, pois, se você precisa fugir ou lutar, não seria uma boa hora de querer ir ao banheiro; a boca também fica seca, pois a salivação é inibida, etc.

 

Na verdade a situação não precisar ser tão dramática assim para que o simpático seja ativado. Pense num dia de prova na escola, ou apresentação oral de um trabalho; essas não são situações de perigo, mas significam algum estresse para o indivíduo. Além disso, exercício físico que exige do nosso corpo atividade muscular. As necessidades energéticas dos músculos, principalmente os esqueléticos, aumentam e por isso é necessária uma série de adaptações no corpo para que essas necessidades sejam atendidas e o movimento desejado possa ser realizado sem maiores problemas. A liberação de adrenalina por exemplo, estimulada pelo SNA simpático, garante maior disponibilidade de glicose às fibras musculares, além de aumentar batimentos cardíacos e facilitar a respiração. Nessas duas situações que não refletem perigo, a resposta do corpo será a mesma.

Você sabia?

O diafragma é um dos principais músculos da respiração. Embora seja um músculo estriado esquelético, por estar associado a uma função visceral primária não temos um controle voluntário total sobre ele. Conseguimos prender a respiração apenas por um determinado período de tempo.

Se decidirmos parar de respirar, não demora muito e o sistema nervoso dá conta de mandar um estímulo tão forte que voltamos a respirar involuntariamente.

É por isso, por exemplo, que existem pessoas que morrem afogadas: elas prendem a respiração para não inspirar água, mas esse controle condiz com a nossa vontade só por algum tempo.

 

Se quiser saber mais:

Encicopledia do corpo humano - o cérebro _ Parte 2: http://www.youtube.com/watch?v=NQRqRRCYsP8

Encicopledia do corpo humano - o cérebro _ Parte 3: http://www.youtube.com/watch?v=ayMkk13hH9E

BBC - O Corpo Humano - O Poder do Cérebro: http://www.youtube.com/watch?v=r9LOlkEljvQ

 

Como citar:

Autores: Jaqueline Ramalho, Juliana Irani Fratucci de Gobb, Lucia Regina Machado da Rocha, Silvia Mitiko Nishida,
Data Publicação: 00/00/0000
Página: http://museuescola.ibb.unesp.br/subtopico.php?id=2&pag=2&num=3&sub=23