Fisiologia do Exercício I

Os músculos são os órgãos responsáveis por todo movimento que o organismo faz e se exercitar significa, mais do que tudo, atividade muscular. Através de uma sequência de contrações e relaxamentos (ver Contração Muscular), os músculos têm o seu tamanho alterado o que, em conjunto, possibilita e caracteriza o movimento e o exercício do corpo. E como falar em exercícios sem falar em esportes?

A prática de esportes é um bom exemplo do que os nossos músculos podem fazer!

Porém, os músculos não funcionam sempre da mesma maneira, quer dizer, a atividade muscular possui particularidades dependendo do objetivo do movimento. Para explicar isso, vamos retomar a história da maratona e analisar outras provas de atletismo: é a mesma coisa vencer uma maratona e uma prova de 100 metros rasos?

Tipos de Exercício

Desde a Antiguidade, quando os gregos inventaram os Jogos Olímpicos, as provas de atletismo são as apresentações clássicas: as corridas de longa distância homenageiam o herói Pheiddipides. A maratona sem dúvida é uma das provas mais desafiadoras da competição, pois o atleta precisa correr mais de 42 quilômetros e isso não é pra qualquer um! É necessário o atleta estar muito bem preparado porque o desgaste durante e depois do exercício é muito grande. Mas há corridas de curta distância (como 100m) cujo objetivo é saber quem é mais rápido!

A maratona caracteriza-se como um exercício de baixa potência; o maratonista não precisa em primeiro lugar de velocidade, e sim resistência para aguentar até o fim da corrida. Por outro lado, uma corrida de 100 ou 200 metros rasos requer mais velocidade que resistência, ou seja, esse exercício caracteriza-se como uma grande explosão de movimento, é algo rápido, de alta potência.

Sendo esses dois tipos de exercício assim tão diferentes, o resultado após treinamento e prática de cada uma dessas atividades no corpo, ou seja, o perfil dos atletas para cada uma dessas modalidades também difere bastante.

• Maratonistas correm grandes distâncias, por longos períodos e com intensidade de movimento de moderada a baixa. Nesse caso, o resultado do exercício é a queima de gordura relativamente maior que o consumo de glicose (açúcares) do corpo, durante o exercício. Maratonistas tendem por isso a serem magros e muito delgados devido à queima de gordura durante o exercício de resistência.

• Já os velocistas treinam correndo com alta intensidade, por períodos e distâncias curtos. O treino de velocistas consome mais açúcares que gordura como fonte de energia, porque é necessário movimento rápido e a glicose presente no organismo tem essa característica de fácil acesso e metabolismo, se comparada à gordura do corpo que precisa de um processamento prévio. Velocistas tendem, então,  a ser magros e musculosos. A hipertrofia muscular e o perfil magro característicos dos velocistas ocorrem, pois mesmo consumindo açúcar durante o treino, após o exercício esses atletas queimam gordura e calorias (por isso são magros) e organismo entra em um estado de reconstrução do tecido muscular que foi lesado durante o treino; isso é chamado de efeito pós-queima, que não acontece no caso dos maratonistas.

Desse modo, podemos dizer que há diferentes tipos de exercício: aqueles que visam maior resistência e aqueles que visam maior força ou velocidade. E por trás desses exercícios há metabolismos energéticos, ou seja, formas de adquirir energia também diferentes, que vão moldar o corpo de um jeito mais magro ou mais musculoso.

 Metabolismo

Define-se metabolismo como todas as reações bioquímicas que acontecem no organismo ora na construção de moléculas complexas, ora na destruição dessas e formação de moléculas simples; esses processos recebem o nome de anabolismo (metabolismo construtivo) e catabolismo (metabolismo destrutivo), respectivamente.

Metabolismo: catabolismo gera energia a partir das moléculas, é um processo exotérmico, ou seja, libera energia; e anabolismo acumula energia em moléculas, é um processo endotérmico, ou seja, absorve energia.

Na maratona, exercício de intensidade baixa ou moderada, há produção de muito cortisol (o chamado hormônio do estresse), o que faz sentido já que a é gerado um ambiente de estresse e desgaste do organismo durante esse exercício. O cortisol favorece, então, o catabolismo, estado queimador de músculos. Já exercícios de alta intensidade, como as corridas de curta distância, além de produzirem cortisol, há produção em grande quantidade o hormônio de crescimento e testosterona, principalmente; isso intensifica a queima de gordura e leva a um quatro de anabolismo, estado construtor de músculos. É por causa desses aspectos fisiológicos que maratonistas são delgados e velocistas são musculosos.  

MAS, não é apenas o estado metabólico que difere entre esses dois atletas; o objetivo do treino para esses dois tipos de exercício é adaptar os atletas para que tenham condições de realizar suas atividades nas corridas. Para conseguir um recorde competindo em uma maratona ou correndo em 100 metros rasos, os músculos que compõem o corpo devem estar preparados e ser diferenciados para cada tipo de movimento.

Velocistas precisam de mais força e potência, características de movimento rápido! Maratonistas precisam de mais resistência muscular, característica de movimento lento! 

E o que isso quer dizer?

Tudo tem a ver com os tipos de fibras musculares que compõem os músculos!

 Veja em Fisiologia do Exercício II!