Museu Escola - Unesp Botucatu /SP
Sistema Cardio-circulatório

Pressão arterial

O conceito de pressão é dado como a ação de uma força sobre uma determinada área. A pressão arterial é a força que o sangue exerce sobre a parede dos vasos sanguíneos. Historicamente seu registro foi feito pela primeira vez com uma coluna de mercúrio, e o quanto esta coluna era deslocada na sístole (pressão máxima) e quanto era deslocada na diástole (pressão mínima). Num adulto saudável estes valores são estão em um média de 120 por 80 mmHg.  Como exposto, a pressão arterial depende de alguns fatores como:

  • resistência (dificuldade) que as artérias e vasos oferecem para que o sangue escoe dentro do sistema, ou seja, o calibre dos vasos se contraído ou dilatado, ou se obstruído por exemplo por uma placa de gordura.
  • volume total de sangue que preenche o sistema, daí a necessidade de regular o volume plasmático
  • e da velocidade com que o sangue entra no sistema circulatório, ou seja a FC(Frequência Cardíaca).

A manutenção de uma adequada pressão arterial garante que o sangue chegue a todos os tecidos para uma adequada oferta de nutrientes e retirada de catabólitos. Se a pressão arterial for muito baixa o sangue não chegará em quantidade suficiente, se a pressão for muito alta o sangue não conseguirá realizar a difusão adequada.

Como a pressão é regulada?

Existem formas de regular a pressão arterial através de sensores que monitoram momento a momento como o fluxo de sangue próximo aos grandes vasos do coração está. Como todo sensor fisiológico quando ativado eles desencadeiam respostas reflexas. Os grandes vasos próximos ao coração, arco aórtico e bifurcação das artérias carótidas internas, apresentam incrustados (aderidos) em suas camadas celulares mecanorreceptores (semelhantes aos que detectam o tato). Estes mecanorreceptores sofrem uma deformação mecânica dependente do grau de distensão destes vasos a cada batimento cardíaco. Como resposta reflexa ocorre uma modulação do SNA(Sistema Nervoso Autonomo).

Vamos simular uma situação onde a pressão arterial está reduzida, 110 por 60 mmHg. Nesta situação o estiramento dos mecanorreceptores incrustados na parede do arco aórtico e bifurcação das carótidas serão estirados em um número de vezes menor que na situação de pressão arterial normal. Como resposta reflexa a esta diminuição no número de estiramento dos mecanorreceptores ocorrerá uma ativação do SNA simpático para os vasos e para o coração. O SNA simpático determina através da liberação de  noradrenalina, seu neurotransmissor, diminuição do calibre dos vasos sanguíneos, aumenta a resistência. No coração a noradrenalina determina aumento da FC, como resultado a pressão arterial é elevada, restaurando os valores normais.

Caso seja o inverso, uma situação onde a pressão arterial está elevada, por exemplo, após um susto, 150 por 100 mmHg, o aumento do número de estiramento dos mecanorreceptores na parede dos arco aórtico e bifurcação das carótidas determina ativação do SNA parassimpático par ao coração. O SNA parassimpático atua através da liberação de acetilcolina para o coração e reduz a FC. Neste momento diminui a atividade do SNA simpático para os vasos, e a resistência ao fluxo de sangue também é diminuída, assim a pressão arterial é reduzida aos valores normais.

Numa pessoa saudável este processo ocorre do momento que levantamos ao momento do repouso noturno. Ou seja, nossa pressão varia no decorrer do dia dependendo de nossas atividades, mas o organismo saudável sempre restaura a pressão para os valores considerados normais.

Caso isto não ocorra, acontece uma patologia. A mais comum e que acomete cerca de 50% da população adulta é a hipertensão arterial. Valores pressóricos elevados acima de 120 por 80 mmHg no repouso ou durante o período do sono.  A hipotensão não é grave a menos que prejudique as atividades diárias do indivíduo, assim pressão arterial em torno de 90 por 60 mmHg, não são considerados problemas de saúde a menos que tragam incapacitação para o indivíduo.

Afinal o que causa a hipertensão?

Infelizmente ao certo não sabemos. A hipertensão arterial mais comum, cerca de 90% dos casos, é de causa essencialmente desconhecida, sou seja, sem causa efetiva mensurável. Postula-se que indivíduos hipertensos apresentem uma reatividade exagerada dos vasos para a noradrenalina. Assim, toda vez que o SNA simpático é ativado para os vasos, a resposta é uma contração mais vigorosa e duradoura do vaso, o que aumenta a resistência dos vasos ao fluxo de sangue. Se isto persiste sem tratamento o coração sofrerá por necessitar trabalhar sempre com pressão maior do lado arterial. Para cada batimento, mesmo no repouso o coração precisará se contrair com mais força para ejetar o mesmo volume de sangue.

A hipertensão arterial sistêmica ou apenas hipertensão arterial é um problema de saúde pública, pois é considerada uma doença silenciosa. A hipertensão é considerada como instalada caos a pressão sistólica (máxima) seja ≥ a 140 mmHg ou os valores da pressão diastólica (mínima) ≥ a 90 mmHg.   Uma única medida de pressão arterial não caracteriza hipertensão. Para isto as medidas devem ser feitas ao longo do dia em vários momentos e no repouso. Os sintomas da hipertensão aparecem apenas quando a pressão já está muito elevada, e o que deve ser tratado não são os sintomas, mas a causa.

A hipertensão arterial não tratada afeta os vasos sanguíneos, especialmente os de pequeno calibre que são mais delgados (finos), especialmente no que são chamados órgãos-alvo:

  • coração e vasos
  • fundo dos olhos
  • rins
  • cérebro

Coração e vasos: o coração de um hipertenso pode hipertrofiar devido a maior força constante que o mesmo deve fazer para conseguir ejetar sangue dentro das artérias


Os vasos sanguíneos mais calibrosos podem se tronar mais rígidos e resistentes para o fluxo de sangue, e os capilares podem se romper (rasgar) devido as altas pressões.

 

Fundo dos olhos: os vasos sanguíneos que irrigam a parte interna do globo ocular, e consequentemente a retina passam pelo meio do nervo ótico, se a pressão aumentar constantemente, a pressão do lado externo aos vasos e nervo aumenta, o que diminue o fluxo de sangue dentro dos vasos que irrigam a parte interna, podendo se não tratado diminuir a visão ou levar até a cegueira.

Rins: os capilares sanguíneos renais podem sofrer pequenas hemorragias devido a alta pressão o que ao longo do tempo podem determinar uma filtração menos eficiente do sangue e prejudicar a função renal               

Cérebro: a pressão arterial elevada pode favorecer o rompimento de um capilar sanguíneo cerebral o que determina um acidente vascular cerebral (AVC)                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        

Estas situações acontecerão caso o indivíduo portador de hipertensão arterial não siga as instruções do médico e não tome a medicação indicada corretamente. Em adição, a medicação deve ser tomada diariamente e não apenas quando a pressão está mais elevada do que o normal.

Como citar:

Autores: Juliana Irani Fratucci de Gobb, Paloma Grazielle Bittencourt da Silva,
Data Publicação: 00/00/0000
Página: http://museuescola.ibb.unesp.br/subtopico.php?id=2&pag=2&num=7&sub=36